Como vai, impostora?

Olá, tudo bem? Se você ainda não me conhece, eu sou a Jóyce, a criadora da Valentinas. Eu também faço parte deste grupo de colunistas e o meu “primeiro texto” está para sair desde o lançamento. No entanto, como ele nunca sai, resolvi escrever sobre o não escrever. Irônico? Eu sei! Mas vamos lá!

Provavelmente você já ouviu falar sobre a tal Síndrome da Impostora, um sentimento constante que faz você não se sentir preparada o suficiente, boa o suficiente, uma completa fraude. Um sentimento tão profundo que paralisa e te deixa morrendo de medo de realizar qualquer coisa. Eles se tornam diferentes vozes em sua cabeça que a Julia Cameron vai chamar de sensor e na terapia você pode descobrir que essa voz representa uma mãe, um pai, um professor… alguém que de alguma forma estremeceu seu senso de identidade.

O que realmente dói quando pensamos nesse sentimento que nos paralisa é que ninguém além de nós mesmas somos responsáveis por isso. Que a única pessoa que tem o poder de seguir com coragem ou parar de tanto medo somos nós. E como somos cruéis com as nossas criações!

Eu ligava o computador, me sentava para escrever aqui e os pensamentos que apareciam logo nas primeiras palavras eram “mas eu não preciso, já tenho quase 15 mulheres escrevendo no blog”, “eu vou escrever sobre o que?”, “não tenho nada de interessante para falar”, “eu nem escrevo tão bem assim”. Enquanto a minha mente gritava coisas tão cruéis, eu tentava escrever, mas nada nascia daquele espaço tão hostil.

Engraçado que no fim do mesmo dia, depois de falar que “nem sabia escrever”, eu entregava 10 posts de blog, um roteiro e vários planejamentos de conteúdo para redes sociais de clientes. Pois é!

Hoje eu resolvi escrever sobre o não escrever para enfim vencer as vozes (sim, infelizmente tem mais de uma) que insistem em aparecer toda vez que busco viver minha vida criativa de forma plena. Honrando tudo que é importante para mim, que faz parte de quem eu sou e que eu sei fazer. Tudo que alimenta minha alma. 

Essas vozes não aparecem quando executo tarefas simples do dia a dia, e sim quando eu me conecto de forma profunda com as minhas palavras, paixões e tudo que vem lá da alma. O que tem ali é tão poderoso que nem eu sei exatamente o poder que mora ali. Essas vozes, a sensação de ser uma farsa, aparecem como um “regulador” que quando não te bloqueia totalmente diz “você é boa, mas nem tanto”, “você é capaz, mas não se vanglorie por isso”. Isso diz muito sobre nós mulheres e a importância de ser, mas não ser muito para não incomodar a força e o poder vigente. 

Às vezes, essas vozes me paralisam. Às vezes, eu grito cala a boca! Em outros momentos, penso “OK, então vamos analisar o que isso que você está dizendo significa”, e que bom que existe terapia! Escrever sobre o não escrever é uma forma de sair dessa guerra de forças opostas, ou até vencê-la já que este texto está aqui escrito e publicado!

No começo, eu tentava vencer essas vozes estudando mais, lendo mais, sabendo mais, como se esse acúmulo me trouxesse a sensação de estar finalmente pronta, mas eu nunca cruzei essa linha de chegada. Em cada passo que eu dava, ela parecia mais e mais distante. Hoje eu tento, antes de tomar qualquer decisão, primeiro organizar os sentimentos no meu diário, entender o que está acontecendo e o quanto daquilo é meu e o quanto estou só sendo cruel comigo mesma.

Viver uma vida criativa plena, deixando teu rio fluir, parece algo inspirador e glorioso, mas não quer dizer que é fácil. Há correntezas e calmarias, desvios e bloqueios, alegrias e lágrimas, gozo e muito trabalho. É saber que você não está no controle de tudo, mas precisa estar atenta e conectada sempre. Ser forte e muito vulnerável.

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