A tentativa de construção em silenciar a voz de uma menina e posterior, a voz de uma mulher foi definitivamente falha. Todas as blusas rasgadas por rapazes sem consentimento, toda agressão física realizada por rapazes, todo assédio realizado por rapazes que aconteceram comigo, estão enterradas em um vale, onde todos pagam pelos seus pecados. Não há ato nenhum que me silencie, que me impeça de dizer. Não há rapazes, homens, meninos, garotos que vão calar a merda da minha boca.
Nós mulheres, nascemos em ambientes repleto de machismo por influência familiar e cultural. Carregamos o fardo e o peso de ser mulher, entretanto, não há por que ser classificado como peso. Ser mulher não é o fardo, ser mulher é descolar do fardo que o mundo tenta nos colocar. Quantas mulheres perderam as vozes? Quantas mulheres foram assassinadas pelo companheiro? Quantas mulheres foram assassinadas por homens que estavam obcecadas por tais?
A mulher não precisa conquistar respeito, é dela por direito. Que mundo é esse que durante séculos considera a mulher como doença? Não há servidão. Não há submissão ao patriarcado. Existe movimentação. Existe luta. Existe persistência. Existe o ser mulher em um país e em um mundo caótico, em que funciona em prol do gênero masculino.
Me diz, como se libertar de uma amarração dessa? Simples, indo contra o sistema, sendo o oposto daquilo que disseram para sermos: livres.
Amante de (d)escritas, poesias, artes, faltas, incertezas, apaixonada por gatos, linhas tortas,
livros (in)acabados. Sou mulher selvagem, calma, bruta, serena, mistura de todas as mulheres
que habitam em mim.