Que corpo é este que vende em jornais, capa de revista? Que causa tanto mal-estar no outro? Que corpo é esse que é ferido e estraçalhado? Quando é que irão parar de vender o corpo feminino? Quando é que as diferenças físicas diminuirão a relevância e nossa alma será vista? O corpo fala tanto, mas a palavra também o faz.
Quem és tu neste corpo julgado e violado por olhares de muitos homens? Que cicatrizes carrega em teu corpo? Que peso carrega em teus ombros? Que choras seu útero todo mês? Que pélvica é essa que encolhe, sendo que o mundo nos fez gigantes? Qual é a dor que carrega, mulher? O corpo foi mistificado, vendido a bandejas por vontade aos homens.
O corpo é além das cores, do formato, do suor, da acne, das estrias, do nariz, dos órgãos. O corpo é a alma, é a conexão de tudo, é o equilíbrio do saber e não saber. O corpo é o templo sagrado, que nos movimenta, que nos faz desejar tudo aquilo que queremos ser e somos. O oceano não é suficiente para nós, há sempre mais e, para ser livre é necessário bancar-se, mas ao mesmo tempo lidar com a consequência. Liberdade custa caro, porém estar acorrentada custa mais ainda.

Amante de (d)escritas, poesias, artes, faltas, incertezas, apaixonada por gatos, linhas tortas,
livros (in)acabados. Sou mulher selvagem, calma, bruta, serena, mistura de todas as mulheres
que habitam em mim.